Vistoria encontra falhas estruturais no Hospital Octávio Lobo, que atende crianças com câncer em Belém
24/10/2025
(Foto: Reprodução) Defensoria e CRM apuram denúncia contra o Hospital Octávio Lobo, em Belém
Uma vistoria realizada pela Defensoria Pública do Estado do Pará e pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-PA) apontou falhas estruturais e administrativas no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), unidade gerenciada pela Organização Social Instituto Diretrizes, sob contrato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
A ação realizada no último dia 20 de outubro. Os relatórios, obtidos pelo g1 Pará, revelam infiltrações, goteiras, mofo, pisos escorregadios e mobiliário sucateado em diferentes setores.
Em nota, o Hoiol informou que tomou conhecimento do relatório emitido pela Defensoria Pública do Estado do Pará na tarde desta sexta-feira (24) e que o documento está em análise pelos setores jurídico e técnico da instituição. O hospital reafirma o compromisso com a transparência e a melhoria contínua da assistência oncológica pediátrica no Pará.
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Vistoria encontra falhas estruturais no Hospital Octávio Lobo, em Belém.
Reprodução
Ainda segundo nota, o Governo do Pará, realizou nesta quarta-feira (22) a entrega oficial de duas novas salas, de tomografia e de raio-X, e de um conjunto de equipamentos hospitalares ao Hoiol. A ação representa um investimento de R$ 5,7 milhões e fortalece o atendimento de alta complexidade para crianças e adolescentes em tratamento oncológico e marca mais um avanço na modernização da rede estadual de saúde.
Segundo os fiscais do CRM, o hospital não está “livre de graves ameaças à segurança do paciente”, e há condições que “não são conformes às normas da Anvisa e do Conselho Federal de Medicina”. Também foi confirmada a ausência de Comissão de Ética Médica e de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), obrigatórias em unidades de alta complexidade.
Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém.
Rodrigo Pinheiro / Ag.Pará
Outro problema relatado na inspeção é a alimentação considerada de baixa qualidade, descrita como “gelada, gordurosa e servida com alimentos ultraprocessados, como salsichas”. No setor odontológico, a equipe constatou falta de pia, compressor e cadeira giratória, o que levou o consultório a funcionar de forma improvisada.
Profissionais ouvidos pelos fiscais relataram atrasos no pagamento de serviços médicos e a inexistência de vínculo trabalhista estável, por contratações via pessoa jurídica.
O relatório técnico-social elaborado pelo Núcleo de Atendimento Especializado da Criança e do Adolescente (NAECA), da Defensoria, reforça que, embora o atendimento médico seja considerado satisfatório, há demora no setor de laboratório e baixo número de oncologistas pediátricos.
Famílias de pacientes que vêm do interior do estado apontaram falta de apoio do programa Tratamento Fora do Domicílio (TFD) e ausência de Casas de Apoio em Belém, o que obrigou algumas delas a custear hospedagem por conta própria.
Diante das constatações, a Defensoria encaminhou um ofício à secretária de Saúde do Estado, Ivete Gadelha Vaz, e à diretora-geral do hospital, Sara Thuany Brito de Castro, cobrando 15 medidas urgentes. Entre elas estão:
reparos nas infiltrações, goteiras e pisos;
realocação do laboratório para espaço mais amplo;
retirada da rouparia e do armazenamento de alimentos de dentro das enfermarias;
contratação de auxiliar para o setor odontológico e aquisição de novos equipamentos;
criação das comissões obrigatórias de Ética, Óbito e CCIH;
melhoria na alimentação dos pacientes;
realização de concurso público para fixar os profissionais do hospital;
regularização dos salários e vínculos médicos.
A Sespa e a direção do hospital têm dez dias para responder se acatarão as recomendações. A Defensoria pede que, caso haja recusa, sejam apresentadas justificativas técnicas ou jurídicas formais.
O Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo foi inaugurado em 2015 e é referência no tratamento de câncer infantojuvenil na Amazônia, com 89 leitos, sendo 10 de UTI pediátrica. No dia 22 de outubro, o governo estadual anunciou investimento de R$ 5,7 milhões em novas salas de tomografia e raio-X e equipamentos hospitalares, com o objetivo de modernizar a unidade e ampliar a capacidade de atendimento.
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